Preparado desde o fim de 2020 por Vagner Mancini para jogar mais centralizado no ataque do Corinthians, Léo Natel foi escalado no lugar de Jô na última quarta-feira e aproveitou a chance. Ele fez o gol da vitória por 2 a 1 sobre o Ceará e deve ser mantido na equipe para o próximo jogo, contra o Athletico-PR, na quarta-feira.
– Logicamente, estava mais habituado a jogar pelos lados do campo. Mas, para ser sincero, estou curtindo muito jogar nessa posição, mais solto na frente, com liberdade para me movimentar e jogar próximo do gol – comentou o jogador.
O jovem de 23 anos explicou que durante toda a sua formação nas categorias de base atuou como ponta, mas que no Apoel, do Chipre, já havia desempenhado função parecida.
Nesta entrevista, Léo Natel também falou sobre como Mancini o treinou para essa função, comentou a relação com o concorrente Jô e falou sobre as ambições do Corinthians nesta reta final de Campeonato Brasileiro. Confira abaixo:
Como está sendo essa troca de posição? A adaptação foi rápida ou você teve dificuldades no início?
– Não é tão simples quando você está acostumado a jogar numa posição e depois é lapidado para jogar em outra. Há um mês e meio, dois meses, o Mancini conversou que gostaria de me testar nessa posição e passei a treinar. Ele foi me corrigindo em algumas coisas que eu fazia de errado e, graças a Deus, está dando certo. Como falei, estou gostando bastante e me acostumando aos poucos.
Você já tinha jogado mais centralizado, como um camisa 9?
– Na base eu só joguei pelos lados. No Apoel, o time jogava no 3-5-2 e eu era um segundo atacante, ficava mais na área. Mas até hoje eu não me considero um "9", é que nem falam, sou um "falso 9", com liberdade de movimentação e chegada na área.
Pra fazer essa mudança, o trabalho com o Mancini foi só na base da conversa e dos treinos em campo ou ele usou outros recursos?
– Tem também a situação de vídeo, onde fica mais claro pra gente o que a gente deve fazer, movimentos... Mas o que mais me ajudou foi a parte do campo. Às vezes, quando a gente tem a semana cheia, fazemos muitos treinos específicos de movimentação e posicionamento.
O que o Mancini te pede?
– Ele é um cara super tranquilo, que dá confiança para a gente. Ele pede para eu me movimentar, procurar atacar o espaço e estar sempre preparado. Antes, quando eu não vinha jogando, ele falava "fica preparado para quando a oportunidade vier você agarrar". Eu sempre peguei isso como lição.
E deu certo. Você foi titular contra o Ceará e fez gol, algo que não acontecia desde outubro do ano passado. O que esse gol representou pra você?
– Foi um momento importante. Eu vinha de um longo tempo sem marcar, estou muito feliz, pude ter a oportunidade de começar a partida e pude ajudar com gol, o mais importante é que a equipe venceu.
Você se cobra muito quando não faz gol ou entende que sua função vai além disso?
– A gente quer sempre estar marcando, mas o mais importante é jogar bem e, é lógico, poder ajudar de alguma forma a equipe a vencer. Eu me cobro também, mas o primeiro ponto é estar bem, o gol é consequência.
Como é sua relação com o Jô, agora seu concorrente direto pela titularidade?
– O Jô é um cara super do bem, foi uma das pessoas que eu tive mais afinidade desde que cheguei, ele me ajudou bastante, me ajuda até hoje, só tenho a agradecer a ele, um cara super do bem.
Ele te falou algo quando ficou definido que você entraria no lugar dele?
– Só me deu bastante força, disse para eu estar preparado, que estava tendo essa oportunidade.
No último jogo, chamou a atenção uma dura que o Gil te deu por ter ficado em posição de impedimento. Como encara esse tipo de cobrança?
– Entre a gente isso é super normal, a partir do momento que ele me cobrou foi porque fiz alguma coisa de errado, fiquei impedido até por conta da ansiedade de querer fazer as coisas muito rápido. Mas o Gil é uma pessoa fora de série, gente fina demais, é a forma dele de cobrar, importante que a gente quer se ajude. Tem que ser assim, time que almeja coisas grandes tem que haver a cobrança.
Falando em almejar coisas grandes, como vê a situação do Corinthians nesta reta final de Brasileiro?
– A gente tem que acreditar e, acima de tudo, entender que temos mais cinco finais. É procurar não olhar para os adversários, mas para a gente, e vamos tentar buscar a vaga na Libertadores. A gente tem que acreditar e o torcedor seguir com a gente, tenho certeza que vamos brigar até o fim.
Recentemente, o presidente Duilio Monteiro Alves admitiu que o clube voltou a atrasar salários. Como isso afeta a equipe?
– Eu nem fico pensando muito nisso. A partir do momento que a gente tem jogo, procuro me desligar de tudo, senão a gente não se concentra no jogo. Dessas coisas é a diretoria que cuida, temos que estar focados em jogar.
Fonte: Globo Esporte
Por Bruno Cassucci